quarta-feira, junho 18, 2008

Desenvolvimento Sustentável

Indicamos o link da CEPAL - Comissão Economica da America Latina - Órgão das Nações Unidas que acaba de publicar relatório sobre a demografia na região.
Boa leitura

http://www.cepal.org/cgi-bin/getProd.asp?xml=/prensa/noticias/comunicados/2/33342/P33342.xml&xsl=/prensa/tpl/p6f.xsl&base=/tpl/top-bottom.xsl

terça-feira, junho 17, 2008

Desenvolvimento Sustentável

De: GIFE

Fonte: http://www.gife.org.br/redegifeonline_noticias.php?codigo=8073&tamanhodetela=3&tipo=ie


“O mundo é insustentável”, afirmam especialistas

16/06/08 Rodrigo Zavala



Inspirados nos princípios da Carta da Terra, os debates realizados no I Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, que ocorreu entre os dias 11 e 12 de junho, em Brasília (DF), mostraram de forma realista que o mundo se deteriorando. "Respeitar e Cuidar da Comunidade de Vida", "Integridade Ecológica", "Democracia, Não Violência e Paz", "Justiça Social e Econômica", como dita o documento ambiental, são conceitos que o mundo está longe de alcançar.

O presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC), Rajendra Pachauri, o planeta corre em um movimento insustentável. “É necessário mudar nossos valores. Pensar sobre a imprescindibilidade do consumo, hoje, excessivo. As pessoas comem tanto e depois vão para a academia queimar as gorduras. Isso não faz sentido”, afirmou o e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007.

Com os hábitos de consumo na ponta do iceberg, os palestrantes concentraram seus esforços em mostrar que, sem uma mudança radical, coletiva e sistêmica, não há saída. “Devemos educar nossas crianças para uma vida mais sustentável, pois já temos conhecimento suficiente para passar para as gerações mais novas para que elas desenvolvam um pensamento mais sustentável e que façam escolhas mais inteligentes”, argumentou.

Um exemplo claro veio da presidente da Ecoar, organização que promove projetos socioambientais desde 1992, Miriam Dualibi. Em pleno debate, sentada no palco do auditório, começou sua fala com uma sonora reclamação. “Estou passando frio aqui na frente. Não há motivo para um ar-condicionado tão forte. Somos obrigados a vir agasalhados, sendo que faz 40º do lado de fora. Não dá para baixar a potência?”, questionou. Aí a escolha inteligente.

No entanto, o antropólogo Eduardo de Castro, do Instituto Socioambiental, mostra que a questão não está apenas nesse ponto. Segundo ele, o mundo precisa de uma nova matriz civilizatória. “Defende-se o crescimento econômico, mesmo o sustentável. Mas de que crescimento estamos falando? Afinal ele pode ser antônimo de desenvolvimento, o realmente importante”, afirmou.

Castro alegou que não é preciso crescimento para erradicar a pobreza. “Sempre falou-se em fazer o bolo crescer para dividi-lo. Ele cresceu e muita coisa foi erradicada: as árvores, o ar puro, os animais, tudo, menos a pobreza.”

As fortes opiniões do antropólogo ainda foram mais longe, ao falar sobre as iniciativas dos setores privado e governamental sobre o impacto que geram no meio ambiente. “Essa idéia de não se faz omelete sem quebrar os ovos, para justificar o impacto é um completo absurdo. O problema de hoje é que pretendemos fazer o omelete matando a galinha”, brincou.

Miriam Dualibi fez coro ao Castro e disse que o engajamento com o tema sustentabilidade já é balzaquiano, com seus trinta anos de discussão. Ele lembra que, durante todo esse tempo, seus defensores sempre se apegaram na idéia de que o movimento caminha; que levaria alguns anos, mas que ele “engatinhava”.

“O problema é que, como o IPCC já demonstrou, não há mais tempo. O sistema faliu e precisa ser reformulado. Mesmo o Triple Bottom Line (que concerne os negócios envolvendo preocupações ambientais, sociais e econômicas) está velho. Ele não funciona porque, na pirâmide, o aspecto econômico sempre está no topo. Os três devem estar juntos”, disse.

Um exemplo dado por Miriam se referem à tecnologia de chuveiros elétricos, que na opinião dela, é ultrapassada. De patente brasileira, o produto funciona com um sistema de resistência que dispersa a energia, tornado o consumo maior. “Ao todo, 60% da conta de luz de casas mais pobres vêem do uso dessa peça.”

Com esse contexto, ela questiona a administração pública por baixar as alíquotas de ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços) para que seja mais fácil comprar o produto. “Por que facilitar a difusão de algo ruim?”

Nesse momento, ela lembrou da construção das as usinas do complexo do Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), em Rondônia, e a de Belo Monte, na volta do Rio Xingu, no Pará. Com grandes impactos à região, juntas, as três hidrelétricas somam capacidade instalada de 17,6 mil MW. A valor é similar ao que o brasileiro gasta apenas com o chuveiro elétrico.

Uma idéia que qualquer um pode seguir é pensar todo o dia em que há escolhas. Ela é condizente com os nossos discursos e valore? A questão fica tão aberta quanto a real possibilidade de, na opinião dos convidados, mudar radicalmente para outro lado.

“Até quando as pessoas vão agüentar criticar o trânsito cada vez mais caótico das grandes cidades e reclamar e depois pensar que o recorde de vendas de carros é uma boa notícia para o país, que é parte do crescimento brasileiro”, exemplificou Eduardo de Castro.

segunda-feira, junho 16, 2008

Desenvolvimento Sustentável

Publicado no Newsletter eletrônico - Mercado Ético - 14/06/08.


Catástrofe em câmara lenta. Voltar ao bom senso, eis o desafio! Por Patrícia Fachini*

A humanidade caminha para uma “catástrofe em câmara lenta”, e as aventuras especulativas com os alimentos, a má distribuição alimentícia, o consumo irracional e o mau manejo da água contribuem para acelerar os problemas da fome no mundo contemporâneo. Essa posição é defendida por Ladislau Dowbor, economista e professor do PPG em Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, o pesquisador apresenta diferenças entre as propostas de biocombustíveis apresentadas pelos EUA e o Brasil.
Argumenta que, no caso dos brasileiros, seja possível investir em biocombustível sem prejudicar as safras alimentícias. Entretanto, ressalta, “corremos o risco de que a busca de alternativas energéticas gere no Brasil um novo ciclo agroexportador que trará dólares e riqueza para poucos”. Associar a produção energética e a produção alimentar à pequena e média agricultura, alerta, “pode dar um novo reequilíbrio social ao meio rural”. Dowbor é formado em Economia Política, pela Universidade de Lausanne, Suíça, e doutor em Ciências Econômicas, pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia. Confira na página pessoal do pesquisador (http://dowbor.org) artigos e publicações.

IHU On-Line - O senhor afirmou, em outra entrevista concedida à IHU On-Line, que não há insuficiência de produção de alimentos e sim mau uso desses alimentos e má distribuição. É a isso que o senhor atribui a crise de alimentos no mundo?

Ladislau Dowbor - Temos 6,7 bilhões de habitantes, e produzimos mais de 2 bilhões de toneladas de grãos, o que significa que produzimos quase um quilo de grãos por pessoa e por dia no planeta, amplamente suficiente para alimentar a todos. Há diversos processos que estão convergindo para criar dificuldades, alguns de curto prazo, outros mais estruturais. De imediato, a crise financeira provocada pelas aventuras especulativas dos investidores institucionais (norte-americanos em particular) está desviando fundos anteriormente aplicados na área especulativa imobiliária para aplicações consideradas mais seguras, e para os especuladores investir no mercado de futuros de grãos parece seguro. Ou seja, já se está especulando com os alimentos, e a alocação de fundos especulativos nesta área eleva os preços. Um movimento mais amplo e de fundo está puxando grãos alocados para alimentação para a produção de biocombustíveis, movimento particularmente forte nos Estados Unidos, que utilizam milho para este fim, o que, além de antieconômico (o balanço energético do biocombustível de milho não é interessante), puxou para cima os preços. A especulação se realimenta neste processo, prevendo que haverá falta de grãos, e aprofundando esta falta ao apostar na alta de preços. A alta de preços dificulta o acesso à comida por parte dos mais pobres, cerca de 800 milhões de pessoas no mundo que não comem o suficiente. Consumo asiático Convergem ainda para este problema as pressões sobre o mercado de alimentos que resulta do aumento de consumo na Ásia, em particular na China, onde boa parte da população está passando de consumo direto de grãos para consumo mais sofisticado (grãos que alimentam galinhas ou porcos, por exemplo), o que desvia grãos para alimentação animal. Em outros termos, há uma crescente demanda sobre os alimentos no planeta. O mundo tem 75 milhões de habitantes a mais a cada ano, na maioria pobres. A pressão sobre os preços gera mais pobres, não por falta de alimento, mas por este se tornar objeto de especulação e de consumo irracional. Outra linha de preocupação resulta do mau manejo de água. Na visão de Lester Brown, há uma crescente preocupação com o esgotamento de lençóis freáticos, pois as modernas tecnologias permitem extrair água em grandes volumes, muito mais rápido do que a capacidade de reposição por águas de chuva. A longo prazo, o problema pode ser dramaticamente agravado pelo derretimento dos gelos na Ásia Central, onde as grandes cadeias de montanhas, com suas geleiras, constituem as principais bases de alimentação dos grandes rios, ameaçando a civilização do arroz. Assim, os problemas convergem, e o mercado não consegue regular o processo; pelo contrário, tende a agravar os desequilíbrios.

IHU On-Line - Essa crise pode gerar outras? Em que intensidade?

Ladislau Dowbor - Há cientistas que falam em “slow motion catastrophe”, catástrofe em câmara lenta. Esta visão fica bem explícita no documento IAASTD (International Assessment of Agricultural Knowledge, Science and Technology for Development), que acabou de ser aprovado em Johannesburgo no dia 15 de abril, resultado de três anos de pesquisa de centenas de especialistas em agricultura no mundo, com participação dos principais centros de pesquisa acadêmicos e empresariais, além das organizações internacionais como o Banco Mundial. As conclusões são de que a simples expansão da monocultura extensiva, com quimização e irrigação em grande escala, está nos levando a impasses estruturais. É o modelo que está desequilibrado, ao destruir as bases da agricultura familiar que ainda ocupa a metade da população mundial. Sementes caras e monopolizadas, circuitos comerciais cartelizados, tecnologias pesadas desenvolvidas apenas para monocultura de grande escala, esterilização dos solos por excessiva quimização, esgotamento dos aqüíferos, todas estas tendências são hoje apresentadas na sua dimensão de círculo vicioso desestruturador. As propostas do documento vão no sentido do bom senso, de se apoiar a agricultura familiar e as estruturas sociais de sobrevivência rural, além da revalorização das tecnologias inovadoras que possam ser articuladas com processos tradicionais.

IHU On-Line - Por que o planeta começa a apresentar sinais de caos no que se refere a questões sociais e ambientais? Essas estão interligadas?

Ladislau Dowbor - O Planeta, hoje, reconhece apenas um mecanismo regulador, o mercado. Este deixou de ser fluido, torna-se cada vez mais viscoso à medida em que poucos grupos mundiais controlam gargalos do processo, como, por exemplo, o acesso a sementes, e agem de forma pró-cíclica nos preços ao negociarem gigantescos volumes. O balanço energético deste tipo de agricultura é irracional (energy-in/energy-out). Quando os grandes produtores de um país vêem os preços subirem no mercado internacional, passam a se desinteressar das necessidades alimentares da própria população. O sistema irá precisar recorrer a mecanismos que são conhecidos, mas foram desestruturados pelos grandes grupos, e que consistem essencialmente em planejar e organizar a segurança alimentar como prioridade planetária.

IHU On-Line - É possível conciliar a plantação de commodities para produzir biocombustíveis e, ao mesmo tempo, garantir o consumo seguro de alimentos? Como conciliar essas duas posições?

Ladislau Dowbor - No Brasil, tal problema não se coloca. As opções brasileiras residem essencialmente na cana-de-açúcar, a qual apresenta um balanço energético muito favorável e uma ocupação da terra perfeitamente sustentável. O Brasil possui, hoje, a maior reserva de terra parada do planeta, e imensas reservas de água. Grupos internacionais já estão comprando grandes extensões de terras no cerrado, preparando-se para a especulação com a escassez. Um controle nesta área seria razoável. Mas a cana tem como evoluir no próprio Sudeste, ocupando áreas subaproveitadas, hoje ocupadas pela pecuária extensiva que constitui essencialmente um gigantesco subaproveitamento de terras. A tensão no Brasil entre o biocombustívele o alimento é perfeitamente manejável, mas corremos o risco de que a busca de alternativas energética gere no Brasil um novo ciclo agroexportador que trará dólares e riqueza para poucos. Associar a produção energética e a produção alimentar, baseando-se na pequena e média agricultura, pode dar um fôlego novo ao reequilíbrio social que o mundo rural brasileiro tanto precisa.

IHU On-Line - Por que há tantos conflitos entre a produção de alimentos e de energia?

Ladislau Dowbor - A origem deve-se a uma política errada nos Estados Unidos. A longo prazo, precisamos pensar que tanto os EUA como a Europa estão definindo a obrigatoriedade de mistura de biocombustíveis em proporções crescentes com os combustíveis à base de petróleo, e a pressão deverá continuar. Entre a demanda dos proprietários de carros no mundo e a demanda dos pobres que querem comer, não tenho dúvida quanto a quem terá maior força de pressão.

IHU On-Line - O Brasil pode contribuir para a redução do preço de alimentos no mundo, tendo em vista todos seus recursos naturais? Qual é a importância econômica e social do país nesse contexto?

Ladislau Dowbor - O Brasil tem terra, água, tecnologia, capacidade de organização. Tem escala para influir, mas não para decidir. IHU On-Line - De que outras maneiras a energia limpa pode ser produzida sem comprometer os alimentos e gerar uma possível escassez de comida no mundo? Ladislau Dowbor - Cada fonte deve ser estudada de maneira integrada. A soja gera apenas um emprego em 200 hectares, o óleo de palma é mais produtivo e gera um emprego em 10. Para cada opção, precisamos levar em conta o balanço energético, as exigências de água, a geração de emprego, os impactos ambientais, e o impacto sobre a organização social de cada região. No Brasil, para equilibrar as tensões, criamos um Ministério da Agricultura, que olha basicamente o agronegócio, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que lida com a massa dos produtores de alimentos para o mercado interno. A agricultura não é apenas um mecanismo econômico de insumo-produto, mas uma base de vida e de organização social. As pessoas esquecem que 17 milhões de pessoas trabalham na agricultura brasileira, enquanto a totalidade dos empregos industriais é de 13 milhões. Quem trabalha no campo mora no campo, precisa de meio social, comunicação, transporte, redes de apoio (crédito, energia, tecnologia, formação, comunicação, comercialização, estocagem etc.). A simples expansão da monocultura apenas expulsa as pessoas do campo, gerando novos dramas nas periferias urbanas. O Brasil é muito grande e diferenciado. É importante desenvolver políticas locais integradas coerentes com o contexto de os recursos disponíveis.

Entrevista publicada em http://dowbor.org/08alimentos.doc e emhttp://www.unisinos.br/ihuonline/uploads/edicoes/1211226193.53pdf.pdf

sexta-feira, junho 13, 2008

Embalagens Sustentáveis

Do Jornal Gazeta Mercantil - 12/06/08
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=2%2C0%2C1881637%2CUIOU


SÃO PAULO, 12 de junho de 2008 - O assunto sustentabilidade deixa de ser apenas uma pauta para ecologistas e começa a se tornar uma exigência de mercado. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, é cada vez maior o interesse dos brasileiros em relação às práticas socioambientais das empresas. O percentual de companhias que se preocupavam com este assunto era de 72% em 2004 e, na contagem entre 2006 e 2007, esta cifra já atinge 77% das empresas. No meio de diversos setores que começam a se preocupar e a divulgar ações voltadas para o meio ambiente e responsabilidades socioambientais sustentáveis, o segmento de embalagens também quer garantir o seu lugar no time dos que prezam por um mundo melhor. "As pessoas estão começando a perceber que simples atitudes garantem a sustentabilidade do planeta e a longevidade das empresas", avalia Neide Montesano, diretora-presidente da Abmapro (Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização). As atitudes tomadas pelo setor incluem diversas ações diferentes. Além de apostas na velha e boa forma da reciclagem, as empresas fornecedoras da matéria-prima, principalmente no segmento de plástico, começam a adotar fontes renováveis de insumo, como é o caso dos denominados plásticos verdes, que utilizam o etanol como princípio básico e não mais o petróleo, que é um ativo fóssil. Novas opções começam a surgir também para a substituição das sacolinhas de supermercado: são as chamadas sacolas retornáveis. Neste setor, renomados estilistas do mundo todo já estão criando seus modelos. No Brasil, a Gatto de Rua, empresa especializada em soluções promocionais, é uma das que apresentam alternativas em sacolas retornáveis. A empresa, inclusive, já fechou parceria com as lojas ETNA - rede de design e decoração - para a confecção e distribuição de alguns modelos. "Apesar de ainda estar acontecendo de forma devagar, devido à todas as mudanças climáticas que temos observado ultimamente, o consumidor está ficando mais consciente e buscando alternativas para ajudar o meio ambiente. As grandes empresas também estão promovendo ações de conceito consciente para dar uma acelerada neste processo", comenta Mário Gaspar, sócio-diretor da Gatto de Rua. Para Luciana Pellegrino, uma das diretoras da ABRE, o assunto sustentabilidade está bastante em pauta na indústria de embalagens, não só no Brasil, mas no mundo todo. "Aqui no Brasil, temos visto muitas empresas desenvolvendo tecnologias, principalmente, para tornar o bioplástico, aquele que vem de uma fonte renovável, compatível com a agilidade e as especificações dos processos produtivos", afirma. "Hoje na Europa, cerca de 1% das embalagens são produzidas a partir de materiais de fontes renováveis, ou seja, 1% de todo o mercado. A grande questão é a seguinte: a indústria de embalagens está sempre em desenvolvimento e, atualmente, uma demanda da sociedade e a questão ambiental também estão na pauta do setor. Por isto, faz-se importante desenvolver materiais e tecnologia", indica a diretora. Apesar deste desenvolvimento, Luciana acredita que os bioplásticos vão ser sempre apenas uma parcela da produção de embalagens. "Nós não podemos imaginar que vai haver uma substituição em massa dos materiais hoje existentes, por materiais de fontes renováveis. Primeiro porque não há origem, não há fornecimento de materiais de fontes renováveis, muito mais neste momento onde já se começa a falar de uma crise global do fornecimento de alimentos", declarou. "Então, há uma discussão mundial muito grande se a sociedade deve priorizar as áreas agrícolas, o esforço de plantio para produção de alimentos que vão ser consumidos pela sociedade global ou para a fabricação de materiais que serão utilizados como insumos. E, isto será sempre uma grande barreira para o crescimento de biomateriais como fonte de materiais de embalagens, ou mesmo, talvez, como fonte de insumos para outros produtos, outros insumos industriais", analisa. "O foco muito importante ainda é e deve continuar sendo a reciclagem de embalagens", completa Luciana. Mesmo com todo o desenvolvimento apresentado pelo setor, Paulo Carramenha, CEO da GfK Indicator, empresa responsável pelo desenvolvimento de pesquisas e autor de um estudo para a ABRE (Associação Brasileira de Embalagens), a sustentabilidade ainda não é o fator decisivo na hora da compra. "Temos percebido que, de forma geral, este é um assunto que já é presente na vida do consumidor. Todavia, apesar de ele saber da existência, isto ainda não é decisivo nas escolhas. Tem muitos outros fatores que estão na frente da decisão. O mesmo serve para os compradores de insumos das fábricas de embalagens. Constatamos isto na pesquisa que realizamos para a ABRE", disse. "A pesquisa mostrou que a sustentabilidade vai dar valor as empresas, já que ganha cada vez mais importância para o seu cliente final, que é o consumidor. Neste sentido, os fornecedores de embalagem e de matéria-prima têm de ajudar a conscientizar os seus clientes, para que novas ações sejam feitas", recomenda Carramenha. (Angela Ferreira - InvestNews)

quarta-feira, junho 11, 2008

Sustentabilidade

Do boletim eletrônico do Mercado Ético
http://mercadoetico.terra.com.br/noticias.view.php?id=3025
10/06/08 - 18:35

Fécula de mandioca é matéria-prima para indústria de embalagem
Uma indústria de São Carlos, no interior de São Paulo, está utilizando fécula e farelo de mandioca como matéria-prima para a produção de embalagens para os setores de alimentos e de reflorestamento. É a CBPAK Tecnologia S/A, fundada em 2002 por um engenheiro industrial mecânico que hoje tem 35% das ações nas mãos da BNDESPar, companhia de investimentos subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A história da empresa está entre os relatos empresariais a serem apresentados durante o Global Forum América Latina, que acontece de 18 a 20 de junho, no Cietep, em Curitiba. As tecnologias limpas constituem uma das áreas temáticas do evento, que vai reunir empresas, universidades e sociedade civil para tratar a educação para os negócios, com foco na sustentabilidade. O Global Forum propõe debater formas de disseminar esse conceito nas empresas e nos currículos acadêmicos, além de divulgar iniciativas bem-sucedidas já em curso. O relato da CBPAK, apresentado por seu fundador e diretor-presidente, Cláudio Rocha Bastos, informa que a proposta da empresa era desenvolver uma tecnologia limpa, em que a fonte de matéria-prima fosse renovável (mandioca), e que no ato do descarte do produto a matéria gerada fosse totalmente orgânica, permitindo o seqüestro de CO2 pela planta, em seu crescimento – ou seja, fechando o ciclo da eco-sustentabilidade. Hoje, a empresa fornece para o mercado de alimentos bandejas de espuma de amido (produzidas a partir de fécula de mandioca, pelo processo de termo-expansão). Biodegradáveis, elas substituem as bandejas convencionais de isopor, que geram poluição ao serem descartadas. Para o mercado de reflorestamento, a CBPAK desenvolveu uma tecnologia que utiliza farelo de mandioca prensado como matéria-prima para a produção de tubetes, pequenos vasos utilizados para o plantio de sementes e tradicionalmente feitos de plástico. "Estes dois mercados apresentam demandas enormes de consumo e a conquista de uma pequena fatia deles justifica o investimento no empreendimento, com atrativos retornos financeiros", afirma Bastos.

Outros temas

Além de tecnologias limpas, o Global Fórum contempla outras 12 áreas temáticas: empreendedorismo e tecnologias sociais; eco-eficiência e produção mais limpa; gestão do relacionamento; políticas públicas e sustentabilidade; base da pirâmide; governança corporativa; transformação organizacional; finanças sustentáveis; ética na comunicação e marketing; agronegócio sustentável e mudanças climáticas. Dos 120 trabalhos inscritos (entre relatos empresariais e resumos científicos), 86 foram selecionados para apresentação durante o evento. As sessões temáticas serão realizadas durante o primeiro dia do Global Forum. O restante da programação é destinado a debates e palestras com a participação de nomes de destaque nos mundos corporativo e acadêmico, no Brasil e no exterior. Entre os nomes confirmados estão o indiano Ram Charan, reconhecido como um dos mais conceituados consultores de empresas da atualidade; Hector Nuñez, presidente do Wal-Mart Brasil; Oscar Motomura, fundador e principal executivo do Grupo Amana-Key; Ricardo Young, do Instituto Ethos; o presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Jorge Guimarães; Jonas Haertle, representando o Pacto Global da ONU; e Carlos Osmar Bertero, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. As inscrições para o Global Forum estão abertas e podem ser feitas pela internet, no endereço www.globalforum.com.br
O evento é uma promoção da Unindus, universidade corporativa do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), com patrocínio do Serviço Social da Indústria (Sesi), em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) e Case Western Reserve University (EUA). Os resultados da edição latino-americana serão levados ao Global Fórum mundial, marcado para 2009, nos Estados Unidos.
(Mercado Ético/Global Forum)

Empreendedorismo social

Inscrições para prêmio social abrem hoje
da Folha de S.Paulo

As inscrições para o prêmio "Empreendedor Social 2008", parceria da Folha com a Fundação Schwab, têm início hoje e se encerram no dia 10 de agosto. Em sua quarta edição no Brasil, o concurso identifica e premia líderes de organizações ou empresas que alcançaram soluções para problemas sociais com uma abordagem inovadora e de maneira replicável.
O vencedor de 2008 fará parte da rede mundial de "Empreendedores Sociais de Destaque" da Fundação Schwab. Isso significa acesso a benefícios especiais, como serviço de consultoria internacional gratuito e bolsas de estudo em instituições de primeira linha como Harvard Business School, nos EUA, e Insead, na França. Também será convidado a participar da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, caso atenda a critérios como falar inglês fluentemente, entre outros.
Neste ano, alguns dos benefícios serão estendidos para o segundo e o terceiro colocados: eles participarão, com despesas pagas de transporte e hospedagem, da reunião regional do Fórum Econômico Mundial, prevista para ocorrer em abril de 2009, no Rio de Janeiro. Além disso, poderão integrar o Fórum dos Jovens Líderes Globais, caso tenham menos de 40 anos de idade. Todos os finalistas terão seus perfis publicados pela Folha em um caderno de circulação nacional.
Para estar entre os selecionados, é essencial atender aos critérios mais relevantes do prêmio: inovação, sustentabilidade e impacto social direto. Serão levados em consideração também a abrangência e o efeito multiplicador do projeto.
"O bom candidato traz uma idéia efetiva para lutar contra a pobreza ou resolver um problema social ou ambiental. Já o candidato de excelência com grandes chances de ser finalista se mostra capaz de levar essa idéia a uma escala nacional, além de encontrar meios sustentáveis de gerar receita", descreve Mirjam Schoening, diretora da Fundação Schwab.
Não há restrições a empresas com fins lucrativos, desde que predomine o esforço para a criação de avanços sociais. Já organizações governamentais não serão consideradas, assim como entidades intermediárias, instituições de pesquisa e fundações que busquem criar valor social por meio da oferta de suporte financeiro ou técnico a grupos comunitários.
Após análise dos formulários inscritos na primeira fase, os candidatos classificados para a segunda etapa serão convidados a enviar documentos que comprovem a veracidade dos dados. O material será analisado pela Folha e pela empresa de verificação, testes e certificações SGS, apoiadora do prêmio.
Os selecionados nessa fase poderão ser visitados pela organização. Em seguida, passarão pelo crivo de um júri composto de membros dos setores acadêmico, público e empresarial, que escolherá o Empreendedor Social 2008. O vencedor será conhecido em evento previsto para dezembro.
"O júri costuma eleger vencedores ligados a problemas específicos dos respectivos países", ressalta Schoening, da Fundação Schwab. Com sede em Genebra e organização-irmã do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, a entidade identifica e promove modelos de empreendedorismo social em mais de 20 países.
Em todos eles, a Fundação Schwab escolhe uma empresa de mídia como parceira-chave. No Brasil, a Folha exerce esse papel com exclusividade desde a criação do prêmio, em 2005.
O concurso tem ainda apoio do Centro de Estudos do Terceiro Setor da Fundação Getulio Vargas, do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, da Rits (Rede de Informações para o Terceiro Setor) e do portal de conteúdo UOL.
No ano passado, o educador Tião Rocha, 59, foi eleito o vencedor do prêmio. O mineiro, que concorreu com outros 349 candidatos, é mentor do CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento), organização que promove educação popular e desenvolvimento comunitário com uso de brincadeiras, música, teatro e cursos.
PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIALwww.uol.com.br/empreendedorsociale-mail: brasil@schwabfound.org

quarta-feira, junho 04, 2008

Desenvolvimento Sustentável

Acabam de ser divulgados pelo IBGE novos indicadores sobre o Desenvolvimento Sustentável no Brasil.
Convido-os a acessar a página do IBGE, cujo link segue abaixo.
Boa leitura

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1156&id_pagina=1

Responsabilidade Social Empresarial

Fonte: Boletim eletrônico do Mercado Ético - 02/06/08


Fiesp recebe inscrições de cases para a II Mostra de Responsabilidade SocioambientalApós o sucesso da edição do ano passado, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) lançou a II Mostra Sistema FIESP de Responsabilidade Socioambiental.

O evento acontecerá entre os dias 13 e 15 de agosto, na Fundação Bienal, em São Paulo (SP), e trará, além dos estandes de projetos e ações de responsabilidade socioambiental, um congresso para empresários interessados em discutir assuntos relacionados ao tema e apresentar ou conhecer cases de sucesso.

A decoração dos ambientes destacará móveis e objetos confeccionados com material reciclado – conforme um dos principais conceitos da Mostra: a correta destinação dos resíduos da indústria. Por causa da grande procura de instituições públicas para participar da Mostra e expor seus projetos socioambientais, o CORES (Comitê de Responsabilidade Social da FIESP) criou o Prêmio do Mérito Ambiental.

O objetivo desta premiação será propiciar uma plataforma de divulgação aos Estados e Municípios que tenham desenvolvido políticas públicas de excelência que transformem a realidade das comunidades. Durante a festa de Encerramento e premiação da II Mostra Sistema FIESP de Responsabilidade Socioambiental, será lançado um livro sobre os principais cases da edição do ano passado. “É uma visão da indústria sobre a sustentabilidade do ponto de vista prático.

O livro servirá como um manual, mostrando como os ganhadores do prêmio conseguiram realizar estas grandes ações”, diz Eliane Belfort, diretora do CORES e coordenadora da II Mostra.

CasesEmpresas, universidades, prefeituras e instituições públicas já podem inscrever seus cases para a II Mostra Sistema FIESP de Responsabilidade Sócioambiental, que será realizada em agosto, em São Paulo (SP).

Os trabalhos podem ser inscritos nas categorias: Meio Ambiente Nova Economia Sustentabilidade, Cultura, Inclusão de Minorias Educação, Saúde Qualidade de Vida Responsabilidade Social e Diversidade Gestão de Pessoas Trata-se de uma excelente oportunidade para as organizações divulgarem suas histórias de sucesso no campo da Responsabilidade Sócioambiental.

A edição anterior somou sete mil visitantes, um público qualificado, formado por empresários, gestores, administradores públicos e especialistas. Os especialistas que compõem o Grupo Formulador do Congresso escolherão os melhores cases que serão apresentados na Bienal.

O resultado será divulgado até 20 de junho de 2008. INSCRIÇÕES Empresas interessadas devem entrar em contato o CORES – Comitê de Responsabilidade Social da FIESP: Av. Paulista, 1.313 - 5º andar - CEP 01311-923 - São Paulo/SP
E-mail: cores@fiesp.org.br / tel.: (11) 3549-4548 / fax: (11) 3549-4237

SERVIÇO Data: 13, 14 e 15 de agosto de 2008 Local: Fundação Bienal de São Paulo - Parque do Ibirapuera Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Tel. 5576-7600
(Fiesp)

Responsabilidade Social da Empresa e Sustentabilidade

Caros leitores,
Compartilho matéria publicada na página do GIFE- Grupo de Institutos, Fundações e Empresas e que comenta sobre a Conferência Anual do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

http://www.gife.org.br/

Por Rodrigo Zavala - 02/06/08
Evento discute limites da responsabilidade social empresarial 02/06/08 Rodrigo Zavala No ano em que comemora 10 anos de existência, o Instituto Ethos promoveu a décima edição de sua conferência internacional anual em um misto de comemoração e questionamento. Muito além dos desafios objetivos das práticas socialmente responsáveis, os debates realizados, entre os dias 27 e 30 de maio, analisaram uma questão central: independentemente de seus esforços, qual é o limite da atuação do setor privado na busca por uma sociedade sustentável?

Durante os quatro dias de evento, uma série de pontos conhecidos do público presente foram levantados, como a inconstância das políticas públicas de governo ou a incapacidade das empresas em resolver as demandas sociais. Mesmo os impactos ainda não neutralizados, inerentes a determinados setores da indústria (como a petroquímica ou automobilística), foram apontados como gargalos pelos especialistas convidados.

No entanto, nas palavras do próprio anfitrião, o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, o que é realmente necessário para se chegar a um novo patamar é um novo “padrão civilizatório”. “Qual é a extensão do esforço para fazer as mudanças sistêmicas necessárias? Isso passa pelo envolvimento de todos, não apenas das empresas”, afirmou.

Young não fala apenas de parcerias intersetoriais (governo, sociedade e empresas), imprescindíveis para a melhoria das ações de qualquer um desses setores. Ele considera que as relações de consumo e produção globais levarão, cedo ou tarde, à catástrofe social e ambiental. Basta pensar que apenas 1,7 bilhão de pessoas consomem nos padrões dos países desenvolvidos, em um mundo em que existem 6, 7 bilhões de habitantes.

O economista Jeffrey Sachs, professor da Universidade de Columbia, em Nova York e conselheiro especial de Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas (ONU), sabe que a situação é dramática. Em seu último livro, escreve: “A atual trajetória econômica, demográfica e ambiental do mundo é insustentável”.

“Não vamos conseguir encontrar soluções nestas duas horas de debates ou nos quatro dias de evento. Mas temos desafios e oportunidades que não podemos mais esperar para começar a fazer”, afirmou o presidente da organização internacional SustentAbility, Simon Zadeck, na primeira mesa-redonda do dia 28 de maio.

Novo Mercado

Para Ricardo Young, o objetivo da conferência voltada para o mercado sustentável foi descobrir como desenvolver uma cultura na qual os mecanismos de mercado trabalhem a favor do desenvolvimento sustentável, da diversidade, da inclusão social, da economia justa, do empreendedorismo e inovação tecnológica.

Ricardo Henriques, assessor da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), falou da necessidade de repensar os modelos de negócio, de modo que toda a cadeia de valor do setor seja sustentável. “Nesse mundo fragilizado pela imensa desigualdade social, que no Brasil é radicalizada, é possível buscar ganhos e vantagens econômicas que tenham baixo impacto negativo e tragam retorno para todos”, diz Henriques.

Pela visão de Henriques, a questão principal é como colocar nesse cenário maior equilíbrio entre a importância do aspecto econômico e a dos aspectos social e ambiental dos investimentos, hoje pautados ainda pelo lado econômico. O desafio, diz Henriques, é saber como trazer para a estratégia de gestão a capacidade de agregar valor em toda cadeia produtiva do sistema financeiro. “É possível ter retorno nas comunidades em que atuo sem medir os impactos no entorno?”, pergunta.

Seguindo a temática empresarial, o chefe executivo do Pacto Global das Nações Unidas, Georg Kell ressaltou que organizações são feitas de pessoas e essas pessoas têm escolhas. “Vivemos em um tempo definido por lógicas políticas e econômicas, mas temos a capacidade de criar valores e de conectá-los a essas lógicas”, afirma. Kell acredita que existe uma terceira força, além do bem e do mal: o desejo de descobrir.

Muitas empresas, em todo o mundo, reconhecem que precisam lidar com problemas, sejam eles ambientais, sociais ou de outra natureza. São, em algumas situações, oportunistas, mas o mercado global está conectado a tal ponto que as deixa vulneráveis. “O risco é maior hoje em dia devido à interconectividade. Há oportunidades de expansão e mais acesso a diferentes mercados. Por isso, criar valores e conectá-los é fundamental”, afirma Kell.

Produtos Sustentáveis?

Durante o evento, o conceito de mercado responsável passa necessariamente pela promoção de produtos sustentáveis. No entanto, não se deve ter uma visão romântica sobre o tema. De acordo com a diretora regional do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, Laura Valente de Macedo, não existe um produto 100% sustentável.

”Qualquer atividade humana gera impacto. Portanto, o que temos são produtos que geram menos ou mais impactos. Pensar dessa forma é mais realista”, argumentou.

O gerente do Ética Comércio Solidário, Edson Marinho, fez coro a diretora do ICLEI e, disse também que, outro problema é “as pessoas compram por caridade, e não por entender o aquele produto representa”. “É preciso sensibilizar o consumidor, grandes redes de supermercados e varejistas para que abram espaço em suas prateleiras para esses produtos”, afirmou.

Uma das mais presentes figuras durante as atividades da Conferência, o presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Helio Mattar, foi assertivo sobre o tema. “O trabalho com produtos sustentáveis não é focado no lucro ou na expansão do mercado, mas no crescimento positivo da comunidade”.

Comparação

Enquanto isso, no outro lado do mundo, durante o jantar de abertura da 12ª International Conference on Corporate Reputation, Brand, Identity and Competitiveness, organizada pelo Reputation Institute, no dia 30, em Pequim, Prakash Seit, presidente do Sthi International Center for Corporate e professor universitário do Baruch College (US), entrou para o RI Hall of Fame como ganhador do prêmio "Excelence in the Field of Reputation, Scholarship".

Em seu discurso de agradecimento, Prakash falou sobre Reputação e Responsabilidade Social: "Cidadania é um dos fatores que dirigem a sociedade". Tratou Responsabilidade Social como “Investimento Social”, no qual a empresa devolve para a sociedade parte de seus lucros como participação e não como doação. E esta participação é devolvida, por exemplo, em forma de investimento em educação e saúde.

Segundo ele, de acordo com metodologias recentes de medição da reputação, produtos e serviços correspondem somente 18% na avaliação do consumidor e que fatores como cidadania e governança vêm crescendo gradativamente nos últimos anos como pontos que pesam cada vez mais na avaliação que os indivíduos fazem em relação à reputação das empresas.

Finalizou falando sobre Responsabilidade Corporativa e Reputação na Ásia: "A oportunidade é extraordinária. Há uma quantidade enorme de consumidores, sendo que 45% deles estão abaixo dos 25 anos.O desafio está em como contribuir para a solução de questões como a pobreza de parte considerável da população".

Próximos passos

A Conferência Internacional Ethos resultou na formulação de um documento com mais de 400 propostas, que será disponibilizado no site do Ethos para receber contribuições das empresas e entidades. Essas propostas, reformuladas, serão discutidas com os associados Ethos nas rodadas de debates regionais que o instituto promove nos Estados brasileiros a partir de junho, começando pelo Paraná.

A partir daí, a organização discutirá a melhor forma de encaminhamento dessas propostas ao Poder Público, já que o Estado também deve ser envolvido na discussão de responsabilidade sócio-empresarial a partir do momento em que se almeja uma sociedade mais justa e sustentável.