sexta-feira, junho 13, 2008

Embalagens Sustentáveis

Do Jornal Gazeta Mercantil - 12/06/08
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=2%2C0%2C1881637%2CUIOU


SÃO PAULO, 12 de junho de 2008 - O assunto sustentabilidade deixa de ser apenas uma pauta para ecologistas e começa a se tornar uma exigência de mercado. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, é cada vez maior o interesse dos brasileiros em relação às práticas socioambientais das empresas. O percentual de companhias que se preocupavam com este assunto era de 72% em 2004 e, na contagem entre 2006 e 2007, esta cifra já atinge 77% das empresas. No meio de diversos setores que começam a se preocupar e a divulgar ações voltadas para o meio ambiente e responsabilidades socioambientais sustentáveis, o segmento de embalagens também quer garantir o seu lugar no time dos que prezam por um mundo melhor. "As pessoas estão começando a perceber que simples atitudes garantem a sustentabilidade do planeta e a longevidade das empresas", avalia Neide Montesano, diretora-presidente da Abmapro (Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização). As atitudes tomadas pelo setor incluem diversas ações diferentes. Além de apostas na velha e boa forma da reciclagem, as empresas fornecedoras da matéria-prima, principalmente no segmento de plástico, começam a adotar fontes renováveis de insumo, como é o caso dos denominados plásticos verdes, que utilizam o etanol como princípio básico e não mais o petróleo, que é um ativo fóssil. Novas opções começam a surgir também para a substituição das sacolinhas de supermercado: são as chamadas sacolas retornáveis. Neste setor, renomados estilistas do mundo todo já estão criando seus modelos. No Brasil, a Gatto de Rua, empresa especializada em soluções promocionais, é uma das que apresentam alternativas em sacolas retornáveis. A empresa, inclusive, já fechou parceria com as lojas ETNA - rede de design e decoração - para a confecção e distribuição de alguns modelos. "Apesar de ainda estar acontecendo de forma devagar, devido à todas as mudanças climáticas que temos observado ultimamente, o consumidor está ficando mais consciente e buscando alternativas para ajudar o meio ambiente. As grandes empresas também estão promovendo ações de conceito consciente para dar uma acelerada neste processo", comenta Mário Gaspar, sócio-diretor da Gatto de Rua. Para Luciana Pellegrino, uma das diretoras da ABRE, o assunto sustentabilidade está bastante em pauta na indústria de embalagens, não só no Brasil, mas no mundo todo. "Aqui no Brasil, temos visto muitas empresas desenvolvendo tecnologias, principalmente, para tornar o bioplástico, aquele que vem de uma fonte renovável, compatível com a agilidade e as especificações dos processos produtivos", afirma. "Hoje na Europa, cerca de 1% das embalagens são produzidas a partir de materiais de fontes renováveis, ou seja, 1% de todo o mercado. A grande questão é a seguinte: a indústria de embalagens está sempre em desenvolvimento e, atualmente, uma demanda da sociedade e a questão ambiental também estão na pauta do setor. Por isto, faz-se importante desenvolver materiais e tecnologia", indica a diretora. Apesar deste desenvolvimento, Luciana acredita que os bioplásticos vão ser sempre apenas uma parcela da produção de embalagens. "Nós não podemos imaginar que vai haver uma substituição em massa dos materiais hoje existentes, por materiais de fontes renováveis. Primeiro porque não há origem, não há fornecimento de materiais de fontes renováveis, muito mais neste momento onde já se começa a falar de uma crise global do fornecimento de alimentos", declarou. "Então, há uma discussão mundial muito grande se a sociedade deve priorizar as áreas agrícolas, o esforço de plantio para produção de alimentos que vão ser consumidos pela sociedade global ou para a fabricação de materiais que serão utilizados como insumos. E, isto será sempre uma grande barreira para o crescimento de biomateriais como fonte de materiais de embalagens, ou mesmo, talvez, como fonte de insumos para outros produtos, outros insumos industriais", analisa. "O foco muito importante ainda é e deve continuar sendo a reciclagem de embalagens", completa Luciana. Mesmo com todo o desenvolvimento apresentado pelo setor, Paulo Carramenha, CEO da GfK Indicator, empresa responsável pelo desenvolvimento de pesquisas e autor de um estudo para a ABRE (Associação Brasileira de Embalagens), a sustentabilidade ainda não é o fator decisivo na hora da compra. "Temos percebido que, de forma geral, este é um assunto que já é presente na vida do consumidor. Todavia, apesar de ele saber da existência, isto ainda não é decisivo nas escolhas. Tem muitos outros fatores que estão na frente da decisão. O mesmo serve para os compradores de insumos das fábricas de embalagens. Constatamos isto na pesquisa que realizamos para a ABRE", disse. "A pesquisa mostrou que a sustentabilidade vai dar valor as empresas, já que ganha cada vez mais importância para o seu cliente final, que é o consumidor. Neste sentido, os fornecedores de embalagem e de matéria-prima têm de ajudar a conscientizar os seus clientes, para que novas ações sejam feitas", recomenda Carramenha. (Angela Ferreira - InvestNews)

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